

Recentemente, encontrei um amigo, amigo da época que eu estava na oitava série, ou alguma coisa entre os meados da década passada. Conversa vai, conversa vem, ele me disse que a loja que íamos para jogar videogames por hora fechou. Loja que a molecada toda ia para comprar cópias de emergências dos seus games favoritos, leia-se, o bom e velho 3 por 10.
Eu fiquei surpreso, pois era um lugar que fez parte da vida de uma galera boa, o que numa cidade pequena, corresponde a quase todos os adolescentes do espaço. Já tivemos uma perda parecida. Em 2008 era comum termos uma praça da cidade tomada por vendedores de filmes piratas, e cada barraquinha sempre lotada de pessoas sempre preocupadas em não comprar os filmes que foram gravados de dentro da sala de cinema, ou aquela discografia completa, milagrosamente compilada em apenas um cd de só caberia 12 músicas.
Mas o tempo foi passando, e a clientela foi diminuindo, e a quantidade de vendedores também se esvaindo. Hoje em dia, essa praça tem apenas bancadas e quase sempre sem compradores. A popularização da TV a cabo, e o surgimento de serviços de streaming, como Netflix, Spotify, I-Tunes e afins, certamente são os principais fatores para essa queda. Naquela época ninguém acreditaria que por menos de R$15,00 (preço de lançamento da Netflix em 2011) seria possível passar o mês inteiro assistindo filmes, séries e animes em alta qualidade, e sem se preocupar em riscar discos.
Então, a pirataria de filmes acabou? Absolutamente não!
Sites de torrents são muito acessados para download. Não tem como acompanhar a velocidade de vazamento. Se lançam um episódio de uma série, em no máximo 24 horas, ele já está disponível e legendado para ser baixado. Enquanto na TV, teria que esperar até meses para se finalizar a temporada, e só aí começar a ser televisionado.
Então como se deu a derrocada da famigerada lojinha? Na época do PS2, ela era próspera, já que a maioria das pessoas iam até lá para comprar jogos, todos tinham videogames desbloqueados. Com a chegada do PS3, essa fatia ficou um pouco menor, já que na maioria dos casos, não era possível quebrar o bloqueio, e os que conseguiram, não se tornaram viáveis, apenas com uma atualização de sistema, o videogame voltava a reproduzir apenas jogos originais.
Isso era um problema para eles? Negativo.
Daí veio a popularização do Xbox 360, que só teve tanta procura por causa do desbloqueio. Como todos sabemos, nem todo mundo tem coragem/dinheiro para dar R$200,00 em um jogo.
A situação começou a mudar quando os gamers abriam mão dos jogos baratinhos para poderem jogar em rede, já que as primeiras versões de destravamentos não garantiam que você não seria banido caso tentasse jogar online com o aparelho adulterado.
O principal golpe veio no dia 01/01/2015, dia em que começaram a serem fabricados os Xbox 360 que eram impossíveis de serem modificados, não importa o quão bom fosse o técnico, ele não conseguiria fazer o aparelho rodar os jogos piratas. Isso foi um baque até mesmo para as lojas que vendiam apenas os consoles, mesmo que só travados. Os consumidores não queriam um aparelho que não fosse desbloqueável.
Com a chegada da nova geração de consoles, era apenas uma questão de tempo a galera começar a migrar e deixar de comprar jogos de Xbox 360, e deixar de sair aparelhos novos. Ou seja, menos pessoas comprando jogos por que os novos aparelhos não podem ser pirateados, e ainda menos pessoas comprando, por que não se encontra mais os os Xbox 360 destraváveis. Isso sem mencionar a crise econômica que enfrentamos desde 2014.
Os tempos são outros, temos acesso de forma viável a conteúdos que antes não tínhamos. Vantagens em consumir os produtos originais e os produtores cada vez mais combatendo o mercado da pirataria.
Mas só queria dizer uma última coisa: “Esse MP3 no seu celular também é pirataria! Até mais, gente má!”